Cláudio Puty é filiado do PT Belém, deputado federal e vice-líder do governo no Congresso |
Artigo do Deputado Cláudio Puty publicado em 05/03/2013 no site do PT Nacional.
Dez anos podem não ser muito em termos de tempo histórico -
principalmente e pensarmos no conceito de “longa duração”, formulado pelo
historiador francês Fernand Braudel. Mas como o próprio Braudel lembrava, o
tempo avança com diferentes velocidades e, às vezes, uma década é um tempo
suficiente para se mudar a face de um país. Foi o que aconteceu no Brasil nos
últimos dez anos, quando o PT chegou ao poder federal com uma proposta
desenvolvimentista e inclusiva.
Em
2002, o Brasil era o retrato acabado de um país de Terceiro Mundo. A estagnação
econômica provocada pela crise internacional agravava cada vez mais nossa
histórica desigualdade social. O legado dos tucanos foi realmente espantoso:
uma taxa de desemprego de 12%; 28,1% da população vivendo abaixo da linha de
pobreza – algo como 46 milhões de brasileiros – e um salário mínimo de fome
(equivalente a pouco mais de US$ 50). Isso sem falarmos de uma inflação
acumulada de 106%; da Taxa Selic na casa dos 25%, das reservas despencando (US$
36,7 bilhões, contra uma dívida externa de US$ 227 bilhões), dólar a R$ 4 e o
risco país (alguém se lembra disso?) batendo na casa dos 2.400 pontos.
A
decisão de romper com o receituário neoliberal dos tucanos implicou o abandono
do rentismo e a opção pelo crescimento econômico sustentado, baseado no
fortalecimento do setor industrial, via desonerações, e da infraestrutura, via
PAC, visando à geração de empregos. Ao lado disso, o governo tomou a decisão de
implantar políticas públicas de distribuição de renda para integrar a grande
massa de desvalidos na cadeia produtiva e, desta maneira, fortalecer o mercado
interno. Essa política foi aprofundada a partir de 2008, quando a crise
econômica internacional atingiu fortemente as economias de todo o mundo
industrializado, com repercussões globais.
Em
termos macroeconômicos, o país hoje tem mais sustentabilidade – inflação
sob controle (6% ao ano); situação de pleno emprego (4,6% de desemprego); amplas
reservas cambiais (US$ 378 bilhões, contra uma dívida de US$ 318 bilhões); e
juros em queda (7,5% ao ano). Mas a grande transformação destes dez anos foi o
acelerado avanço da inclusão social.
A
valorização do salário mínimo – hoje ele equivale a mais de US$ 300 – e a
implantação de programas sociais como O Bolsa Família, Brasil Sem Miséria e o
Minha Casa Minha Vida, além da concessão de crédito consignado às famílias de
baixa renda fizeram com que, em uma década, 40 milhões de brasileiros saíssem
da miséria. Hoje, pela primeira vez em sua história, o Brasil se tornou um país
majoritariamente de classe média.
Nesse
período, o crescimento econômico do país permitiu a geração de cerca de 17
milhões de empregos com carteira assinada, o que contribuiu para a diminuição
do mercado informal. Só para comparar, em oito anos de governo tucano foram
gerados apenas cinco milhões de empregos. E, entre 2003 e 2012, o PIB per
capita subiu de US$ 2.850 para US$ 12.690.
A
nova realidade do país pode ser mais bem aquilatada pela evolução do índice
GINI, que é referência na medição da distribuição de renda e cuja escala varia
de zero (mais igual) a 1 (mais desigual). Segundo dados da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílio (Pnad), compilados pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea), o coeficiente GINI do Brasil caiu de 0,594 em 2001
para 0,518 no ano passado – o menor patamar de desigualdade do país desde a
década de 1960.
E
isso é ainda mais notável quando se verifica que o movimento observado no
Brasil ocorreu na contramão da tendência mundial, principalmente nos países do
chamado bloco dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China). Segundo reportagem do
jornal Valor Econômico, em dois terços dos países do mundo houve aumento da
desigualdade no período recente.
No
Brasil, nos últimos dez anos, ocorreu o contrário. Os salários dos 20% mais
pobres cresceram 6,3% ao ano, enquanto que o rendimento do um quinto mais rico
da sociedade subiu apenas 1,7%, invertendo a tendência histórica e
concentradora do país desde os tempos da Colônia.
De
acordo com o documento “A Década Inclusiva”, do Ipea, o aumento da renda do
trabalho foi essencial para a inédita redução de desigualdade. Esses dados
comparativos mostram que as diferenças entre esquerda e direita, ao contrário
do que pensam os conservadores, continuam em vigor.
Fonte: Site do PT Nacional
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